De acordo com a REN21 – relatório de status global de energias renováveis, em 2020 mais de 256 gigawatts (GW) de capacidade de energia renovável foram adicionados a rede mundial, o que representa um aumento de quase 10% da capacidade instalada. Além disso, os investimentos nessas energias cresceram pelo terceiro ano consecutivo e os custos de produção das energias eólica e solar, por exemplo vem caindo significativamente na última década.
Para se ter uma idéia em 2020, o custo médio global da eletricidade a partir de energia solar fotovoltaica em escala de serviço público, caiu 85% quando comparado a 2010, enquanto os custos de energia eólica onshore caíram 56% durante o mesmo período. Esses declínios significam que, para uma parte da população mundial e em um número crescente de regiões, a produção de eletricidade a partir de energias renováveis já é mais econômica do que tecnologias não renováveis.
Apesar dessas boas noticias e dos grandes avanços, dados dessa mesma agência mostram que a matriz energética global, segue sendo predominantemente não renovável: com o gás natural, o carvão e o petróleo representando ainda mais de 80% do consumo da energia mundial. Como todos sabem, o grande problema das energias não renováveis são as suas emissões de gases de efeito estufa, que tem contribuído como nunca para que a concentração atmosférica de CO2, tenha alcançado níveis recordes nos últimos anos.
Exatamente por isso, que na ultima COP-26, onde os países se comprometeram com novas metas de redução das emissões de gases de efeito estufa, o tema da transição energética foi tratado como um ponto chave e prioritário a ser endereçado pelas nações. Em seu texto final, o acordo firmado em Glasgow, propõe acelerar a transição energética para fontes de energia limpas, e sugere também que os países aumentem os esforços para reduzir o uso de combustíveis fósseis e do carvão.
Assim, da mesma maneira que é importante que os governos revejam suas matrizes energéticas e estabeleçam politicas e metas de ampliação do uso de energias renováveis, a transição energética também se torna uma questão central na agenda ESG das empresas. Vale lembrar que muitas delas tem assumido compromissos de se tornarem carbono neutro nas próximas décadas. Prova disso, é que até janeiro deste ano, mais de 3.000 empresas já aderiram à campanha Race to Zero, da ONU, sendo que o número de participantes dobrou de 2020 para 2021.
Com a necessidade então de planos mais detalhados de descarbonização e o desejo das empresas de se mostrarem engajadas na luta contra as mudanças climáticas, é imprescindível um olhar mais atento a quantidade de energia que está sendo consumida, e a qualidade (renovável ou não renovável) dessa energia utilizada. Nesse caminho, existem três principais frentes de ações que tem sido trabalhadas pelas corporações:
· Aumento da eficiência e redução do consumo total de energia;
· Aumento do uso de energias renováveis;
· Auto-produção de energias renováveis.
O aumento da eficiência para muitas empresas se traduz na busca de menores quantidades de energia consumida (kw), por unidade de produto fabricado. Porém, apesar de ser um indicador relevante de eficiência, é importante que as companhias também não percam de vista o indicador de consumo total de energia. Pois apesar de serem mais eficientes para cada unidade de produto, se o aumento dos volumes for muito significativo no mesmo período, isso pode representar um maior impacto ambiental do ponto de vista de consumo de recursos.
Além disso, como falamos a troca de energias não renováveis, por fontes renováveis é outro fator crucial. Nesse caminho, algumas organizações como a Unilever, a Heineken no Brasil, e a Procter and Gamble, entre outras corporações já tem anunciado o atingimento da meta de 100% de energia renovável em algumas de suas operações. Mas considerando que a matriz energética brasileira, que é uma das mais limpas do mundo, tem em média 82% de energia renovável, como é possível para essas indústrias conseguirem tais resultados?
Basicamente existem alguns caminhos para isso. O primeiro deles é o da compra de certificado IREC. O International REC Standard (I-REC) é um sistema global que possibilita o comércio de certificados de energia renovável. Por meio da sua plataforma, empresas podem garantir que a energia que consomem seja proveniente de fontes renováveis e, portanto, limpa.
Uma outra alternativa que tem sido utilizada é a da autoprodução de energia, o que se torna interessante não apenas do ponto de vista ambiental, mas também diminui os riscos das empresas em eventuais casos de apagões elétricos. Nesse sentido, além dos tradicionais painéis solares nas próprias fábricas e no uso de biogás gerados em algumas plantas, algumas indústrias têm começado a investir diretamente para se tornarem sócios em usinas solares e eólicas, o que a longo prazo garante menores preços e maiores volumes de abastecimento.
Por fim, também vale lembrar que em se tratando de energia, muitas fábricas têm demandas para o uso de vapor dágua. E como o Brasil também tem uma posição privilegiada na produção de diferentes tipos de biomassa, algumas indústrias também tem trocado as caldeiras de gás natural ou diesel para esse tipo de tecnologia.
E sua empresa, como tem trabalhado a questão da transição energética? Referências: https://www.ren21.net/about-us/who-we-are/ https://www.ren21.net/gsr-2021/chapters/chapter_01/chapter_01/ https://blog.waycarbon.com/2018/04/irec-beneficios-certificado/
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